Devo confessar que fui ver o “This Is It”, filme sobre os ensaios do último show de Michael Jackson, com o pé atrás. Achava mais um produto querendo faturar em cima da morte do rei do pop. Apesar do filme deixar muito a desejar em termos de expressão cinematográfica, é quase impossível não se emocionar ao assisti-lo.
O cantor nos últimos três meses de vida aparece como uma espécie de maestro, regendo tudo o que é pensado para o show. O controle total que ele exerce sobre os ensaios do show (transformando o diretor do espetáculo e do filme, Kenny Ortega, em simples executor).
Há cenas que mostram MJ como cantor e dançarino exímio, que não aparenta nada dos problemas psicológicos ou de saúde que se imagina em alguém que vá morrer aos 50 anos por overdose de remédios.
É o filme mostra o astro grandioso, não a celebridade esquisitona - apesar de em nenhum momento no filme o rosto dele ser visto de perto, e tampouco ele aparecer sem os óculos de sol. Na tela, Michael está quase sempre distante.
Se a relação de Ortega com o show e o músico ajudou-o a montar a estrutura do filme, impediu-o de ser mais incisivo nas escolhas. Ortega abusa de cenas melodramáticas, com músicos e dançarinos chorosos em depoimentos sem fim.
Mas “This Is It” acaba sendo mais revelador do que muitos tablóides e sites de fofoca. Mostra como o artista vivia em um mundo paralelo, no qual era o centro absoluto.
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