Adeus baforadas

A lei já pegou. Pelo menos é o que se observa ao percorrer bares e boates de Belém após o prefeito Duciomar Costa ter sancionado a Lei Antifumo. Com a lei – que entra em vigor em 60 dias – sobram poucos lugares para os fumantes se despedirem do velho e polêmico hábito.
O Falada percorreu alguns bares e boates da cidade para registrar como anda o fumacê. Entre uma tragada e outra, os principais afetados pela medida, que tem por objetivo proteger a saúde de todos, também defendem a lei. Mas entre largar o vício e abandonar o bar favorito, eles ficam com a segunda opção.
“Não irei mais a bares porque não vou deixar de fumar agora. Vou fazer festa em casa”, afirma a publicitária Camila Alves, que, na noite da última quarta-feira, dava suas baforadas do lado de fora do bar Cosanostra, que tem o apelido carinhoso de fumacê. Na entrada, uma placa avisa: “É proibido fumar”. A gerência não permite mais que ninguém fume, informou um cliente. “Quem quiser vai fumar lá fora”, arrematou um garçom.
Na mesa do tradicional reduto de fumantes, Camila está acompanhada de três amigas. Uma delas acha que sua rotina boêmia não será afetada com a vigência da lei. “Eu quero mesmo parar de fumar”, diz Tatiana , também publicitária.
Por solidariedade aos amigos, em frete ao Cosa era possível ver uma rodinhas criadas por fumantes. “Quase todos os meus amigos fumam. Tive que sair também ou ia ficar lá dentro sozinha”, afirma a universitária Ana Paula Bezerra. “Ta mais fácil conhecer gente aqui do lado de fora”.
A Lei Antifumo aprovada pela Câmara Municipal de Belém e sancionada pelo prefeito Duciomar Costa é ainda mais rigorosa do que a que está em vigor em São Paulo. De autoria do vereador Carlos Augusto Barbosa (DEM), a Lei estende a proibição do cigarro a qualquer local de uso coletivo “total ou parcialmente fechados em qualquer dos seus lados por parede, divisória, teto ou telhado, ainda que provisórios, onde haja permanência ou circulação de pessoas” – o que pode incluir a área externa de um barzinho ou até mesmo uma simples parada de ônibus. “Quem quiser fumar vai para a rua. Se o ponto de ônibus tiver um abrigo, também não vai poder”.
A Prefeitura de Belém afirmou, através da assessoria de imprensa, que ainda está avaliando como será feito o processo de fiscalização e que a lei ainda tem prazo de 60 dias para ser regulamentada. Quem descumprir a lei poderá pagar multas que vão de 20 a 100 Unidades Fiscais de Referência (UFIRs), uma média de R$ 3 a R$ 30 mil reais. O proprietário do bar pode, inclusive, ter o seu estabelecimento comercial fechado.